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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

[RESENHA] Riff Fist - The Good, the Loud and the Riff

SEXTA! Dia de conhecer bandas novas, pra você que já sabe que vai ficar a noite de sexta em casa.

Diretamente de Melbourne - Austrália pros nossos ouvidos, Riff Fist lançou seu EP "The Good, the Loud and the Riff" em 2015. 


Os riffs seguem aquela linha do Stoner que tem se popularizado nos últimos anos. Embora o estilo tenha poucos representantes no Brasil, é fácil de se achar entre os gringos. As linhas de baixo e guitarra trabalham muito juntas. Ambos transparecem uma pegada de groove, que deixa o som da banda um tanto sexy. 

A banda não é tão fechada no quadradinho do stoner rock, não tem aquele som arrastado e grave característico. Junto aos riffs modernos e essa pegada de groove (que tem sido marca dessa geração de stoner), trazem elementos do Rock n' Roll old school. Solos de guitarra agudos, som rasgado, bateria marcada.

Quanto a bateria, é preciso congratular o baterista. Num primeiro momento, a bateria parece simples, mas ao ouvir novamente se percebe as quebras e as pequenas viradas espalhadas por toda a música, dando o clima de cada trecho. Comedido e eficiente. 

Agora a polêmica, o que é esse vocalista? Uma mistura mais grave de Anthony Kiedis, Mike Panton e David Lee Roth? Até agora não se tem uma lista de influências (ou não se acha fácil), mas entre as pessoas que conheceram recentemente a banda, o vocalista é assunto. Boa parte gosta, mas uma outra parte odeia. As linhas de vocal estão cheias de personalidade ou o vocalista tenta o tempo todo imitar alguém que ainda não se sabe quem é? De qualquer forma, a voz se destaca e destaca a banda como um todo. O vocal casa muito bem com o estilo da banda, então não há do que se reclamar.


De 0 a 10, o volume fica no 8.

Ps.: Encontre uma música de Raul Seixas em um trecho da última música.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

[RESENHA] Mount Desert - Mount Desert EP 2015

Pelas minhas navegações na internet, tenho encontrado bandas de que nunca havia ouvido falar. Ninguém que conheço conhece também essas bandas, então decidi que eu devia falar sobre elas.


Mount Desert, a banda de São Francisco - Califórnia, traz um instrumental cheio de sobes e desces, valorizando muito a bateria nesses momentos mais "baixos". A guitarra me lembrou um pouco os riffs do Black Label Society, a voz me parece ter influências claras de Ozzy Osbourne. Sabemos que essa é uma combinação que dá certo na maior parte das vezes. 

A banda só conta com bateria, guitarra e voz. Eles não tem um baixista e, ao ouvir as músicas deste EP, fica um tanto difícil de acreditar, o que mostra que um baixo não fez falta. A bateria cobre muito bem os "espaços" que os agudos e pausas da guitarra, cheia de fuzz, deixam.

Quanto ao estilo da banda, se definem como Psychedelic Forest Rock, e esse termo caiu muito bem para a banda. Ao ouvir, é normal que se sinta uma vontade de dançar como num ritual xamã ou algo do tipo. Infelizmente, o EP só tem 2 músicas.

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De 0 a 10, o volume fica no 7.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Deletaram a fala do preto!

    A Revolta é a justiça do oprimido. Vez ou outra se descontrola e é preciso que se seja inteligente. O pior ativista é o ativista burro. Em um mundo feito de aparências, precisamos garantir a nossa para sermos "validos". Isso é injusto? Sim, mas é preciso ter credibilidade quando se reivindica algo.

    Responder com agressividade a violência que se sofre, tem sido o modo de muitos fazerem sua justiça, o que seria efetivo se acontecesse sempre e de modo direto. Se desde sempre mulheres tivessem respondido a agressividade dos homens, provavelmente a sociedade machista de hoje não aconteceria. (Mas de modo direto! Seu marido te bateu? Bata em seu marido. Não vai responder a agressividade do marido no João da padaria!) Mas os débitos foram se acumulando, ninguém nunca pagou pela violência contra a mulher e agora o saldo é catastroficamente negativo. Por isso, com qualquer palavra de um homem, é comum a resposta: "xiu macho", Como se começassem a pagar as contas. E isso não vale apenas para o movimento feminista. 

    Ao apenas tentar silenciar quem sempre teve voz, o oprimido revoltado não se faz entendido (o oprimido revoltado, pois o que não se revolta todo mundo acha lindo e fica muito bem). Ao não se fazer entender, qualquer um (seja ele mal intencionado ou não) pode interpretar as palavras e ações do oprimido revoltado como bem quiser.

    Sei que pareço dura agora e que pareço desaprovar quando muitas agem de maneira agressiva. Entenda, se você se sentiu ofendida com a fala de alguém, tem todo o direito de se defender. Aliás, tem o dever de se defender! Mas faça isso direito, não seja um ativista burro. Não se deixe ser mal interpretado. Não perca o controle.

    No tão falado vídeo da intervenção do movimento negro na USP, nada se entende. O vídeo, filmado a partir de um aluno branco e de classe média, torna fácil a interpretação de que a intervenção é apenas uma invasão com agressividade e sem objetivo. Nas publicações que vi, quando aquela publicação chegou ao meu facebook, diziam para que assistíssemos pelo menos ATÉ o décimo minuto de vídeo, mas é A PARTIR  do décimo minuto que temos um discurso calmo, bem explicado e que faz com que até o representante da opressão ali presente se cale para ouvir.

    No que encontrei, com uma breve pesquisa no youtube, vejo vídeos que buscam ridicularizar a intervenção, vídeos editados com dez minutos de duração, quando o original tem dezesseis. Estes que são editados se reproduzem muito rápido e já percebi que não cansam de compartilhar como argumento de que "esses preto são uns folgado". Mas naquelas falas deletadas que se permite repensar todo o preconceito com o movimento. Que o expectador, mesmo ele branco, se sente incomodado com a questão racial. 

Quanto mais deletaremos as falas dos negros?

quarta-feira, 18 de março de 2015

Papo de Leigo: Violência é Natural

    A violência é um tabu, mas (seja ela como for) ela é o único modo de se conseguir uma mudança drástica.
    Primeiro, não entenda violência como apenas uma agressão física. A partir do momento em que se ameaça a posição social ou a atual condição de alguém, ela já se sente violentada. Mesmo assim, para esse primeiro texto, me prendo a violência física.

 Manifestação Pacífica

    Há algo a dizer sobre estes protestos tão pacíficos da parte dos manifestantes, são apenas festas. Não acontecerão de novo tão em breve, justamente porque foi apenas um princípio de ação que nem reação teve. Diferente dos protestos violentados que acontecem com frequência, estes em que a polícia (seja estadual ou municipal) atua de maneira agressiva possuem repetições e mais resultados. Por quê? Porque o manifestante gosta de apanhar? É ele um viciado em gás mostarda? Não. A violência nos move. A violência que parte da polícia contra a manifestação é mais um motivo para a manifestação existir, mas quando o ato é pacífico e a polícia também, entende‐se que houve um acordo.
    Acordo selado, mais nada precisa ser feito por nenhuma dar partes.

Manifestação Efetiva

    Quando manifestantes usam de violência em propriedades públicas e privadas, não é esse o real objetivo. Como um conquistador que expõe as cabeças de seus inimigos em estacas, a manifestação violenta mostra do que é capaz. Se você pensa em invadir o território do conquistador, ao ver as cabeças pensa mais uma vez (e até desiste). Apenas pela ameaça real à atual condição, ou à própria vida, que repensamos nossos atos. O Estado, ao mandar seus policiais munidos de cassetetes, balas de borracha e bombas de “efeito moral”, está expondo suas cabeças em estacas também. A violência não faz com que um acordo seja feito, mas quando a manifestação aumenta seus números de cabeças, o Estado se abre para diálogo. A agressão não faz com que se chegue a um acordo, mas gera essa possibilidade. O fim da violência nesse caso, só indica que o acordo foi selado, não que realmente os dois lados estejam satisfeitos.